Cultuando a Jesus

O cristianismo comemora o nascimento de Jesus Cristo no dia 25 do mês de Dezembro. Sabemos que este não é o dia do nascimento de nosso Salvador e, que este dia foi adotado em substituição a uma celebração pagã.

Será que a bíblia nos dá informações suficientes para determinarmos o mês ou o período em que Jesus Cristo nasceu?

O mesmo tipo de pergunta se faz quando desejamos saber em que ano e dia da semana Jesus Cristo foi crucificado. A resposta para esta pergunta é muito difícil, principalmente pela confusão cronológica quando analisamos os diversos calendários utilizados pelos romanos, calendário judaico e calendários utilizados pelos cristãos.

Este estudo não visa dar a resposta definitiva para estas perguntas, mas, pelo menos, levantar algumas informações que nos traga alguma luz sobre estes dois assuntos tão importantes.

Este estudo está dividido em duas partes:

Sabemos que Jesus Cristo foi crucificado durante a páscoa judaica. Porém, a páscoa celebrada pelos judeus é uma data fixada para iniciar no 14º dia do mês de Nissan ou Abib se estendendo por um período de nove dias juntamente com a festa dos pães ázimos e, que o mês de Nissan fica entre os meses de Março e Abril do calendário cristão.

Um ponto importante a observar é que a páscoa cristã não tem ligação com a páscoa judaica, pois a páscoa cristã é marcada conforme os costumes católicos e é sempre celebrada em uma sexta feira, denominada sexta feira santa.

Mas, afinal, em que ano Jesus foi crucificado e em que dia da semana?

A grande dificuldade está em se fazer uma análise das informações descritas nos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) e comparar o calendário judaico com o calendário cristão.

A referência mais importante dos evangelhos está registrada no Evangelho de Mateus 12:40, onde Jesus compara o período em que Jonas ficou no ventre do peixe com o tempo em que Ele ficaria sepultado. Note que Jesus é bem específico neste assunto quando afirma “três dias e três noites”. Muitos teólogos ao longo da história interpretam esta passagem de forma alegórica, mostrando textos bíblicos para sustentação de seus argumentos. Porém, Jesus foi muito específico em suas palavras, o que nos dá sustentação para considerarmos que ele ficou realmente “três dias e três noites” sepultado e ressuscitou no alvorecer do primeiro dia da semana.

Outro ponto importante a observar é a diferença entre o calendário judaico, que se baseia no ciclo lunar com meses de 28 dias e com início do dia às 18:00 com o aparecimento da primeira estrela. Já o calendário cristão é solar, com meses de 30 dias e o dia iniciando às 00:00.

A partir destas informações vamos iniciar nossa pesquisa.

Mat 12:40 pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.”

Ora, este verso é claro o suficiente para colocarmos em dúvida a teoria de que Cristo morreu numa sexta-feira. Se tivesse sido assim, Ele teria ficado no seio da terra somente 2 noites (da sexta para o sétimo dia e do sétimo dia para o domingo)!

Quem disse que o dia subseqüente ao da crucificação foi um sétimo dia, Sábado ou Shabath, usou este artifício para induzir as pessoas a acreditarem que o dia da crucificação foi uma sexta-feira.

Se a crucificação não foi na sexta feira, como explicar os registros nos evangelhos de  Marcos 15:42, com Lucas 23:54,56, e com João 19:31?

Marcos 15:42 E, chegada a tarde, porquanto era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,

Lucas 23:56 E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado.

Lucas 23:54 E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento.

João 19:31 os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.

A explicação está na tradução da palavra Shabath usada em Marcos 15:42, Lucas 23:54,56 e João 19:31, por “Sábado”. O 7º dia é um Shabath, mas nem todo o Shabath é um 7º dia. Shabath significa toda cessação de trabalho ordenada por Deus e isto é feito em várias outras datas de celebrações de festas. O 7º dia é um Shabath, assim como todos os outros dias de cessação nas outras festividades. Uma forma mais coerente de se entender o Shabath seria mais fácil explicá-lo na sociedade cristã como “FERIADO RELIGIOSO”. Para os cristãos, todos os Domingos é um feriado, assim como todos os demais feriados religiosos durante o ano que caem em dias de semana onde se comemora alguma festa ou data especial. Portanto, a palavra “Sábado” ou “Shabath”, era utilizado de duas formas;

8 Lembra-te do dia do sábado para o santificar.

9 Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho;

10 mas o sétimo dia é o sábado (Shabath) do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas.

11 Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou.

No caso da festa dos Pães Ázimos, Deus determinara cessação dos trabalhos no primeiro e no sétimo dia da celebração, vide Num 28:17-18.

16 No primeiro mês (Nissan), aos catorze dias do mês, é a páscoa do Senhor.

17 E aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; por sete dias se comerão pães ázimos.

18 No primeiro dia haverá santa convocação; nenhum trabalho servil fareis;

19 mas oferecereis oferta queimada em holocausto ao Senhor: dois novilhos, um carneiro e sete cordeiros de um ano, todos eles sem defeito;

20 e a sua oferta de cereais, de flor de farinha misturada com azeite; oferecereis três décimos de efa para cada novilho, dois décimos para o carneiro,

21 e um décimo para cada um dos sete cordeiros;

22 e em oferta pelo pecado oferecereis um bode, para fazer expiação por vos.

23 Essas coisas oferecereis, além do holocausto da manhã, o qual é o holocausto contínuo.

24 Assim, cada dia oferecereis, por sete dias, o alimento da oferta queimada em cheiro suave ao Senhor; oferecer-se-á além do holocausto contínuo com a sua oferta de libação;

25 e no sétimo dia tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis.

Outra informação importante é que Pessach (Páscoa) e Pães Ázimos são duas festas celebradas juntas. O dia 14 de Nissan é Pessach ou Páscoa e os dias 15 a 21 de Nissan é a festa dos Pães Ázimos. O primeiro e o sétimo dia da festa dos Pães Ázimos são Shabath. As duas festas são consideradas como uma única celebração de nove dias e por isso é descrita no calendário judaico apenas como Pessach.

Luc 23:56 “E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no sábado repousaram, conforme o mandamento.” Mostra-nos que as mulheres prepararam as especiarias antes de um Sábado (Shabath), ao passo que em Mar 16:1 “E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.” mostra-nos que as mulheres compraram tais especiarias depois de um Sábado (Shabath). Estes dois fatos só podem ser reconciliados através do fato de que naquela semana ouve um Shabath de festa antes do Shabath do 7º dia, visto que o dia seguinte foi  1º dia da semana em que Cristo ressuscitou..

Mat 12:40  “pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.” só tem um sentido literal-gramatical possível (três dias literais mais 3 noites literais),

Se contarmos 3 dias e 3 noites para trás, a partir do dia da ressurreição de Jesus, de forma a ser possível encontrarmos os dois Shabaths ocorridos, tomando por base as palavras de Jesus registradas em Mat 12:40, podemos concluir, com toda segurança, que a crucificação ocorreu numa quarta-feira. Vejamos a projeção a seguir:

Crucificação na quarta-feira, que é Pessach, Páscoa. O dia de repouso ou Shabath, correspondente ao 1^o dia dos Pães Azimos, que caiu numa quinta-feira. Na quinta feira ninguém trabalhou. Na sexta feira as mulheres saíram para comprar as especiarias para fazer o ungüento a ser aplicado no corpo de Jesus após passar pelo ritual da lavagem do corpo. No dia seguinte era o 7º  dia. Isto é, Shabath (Sábado) e as mulheres novamente ficaram em repouso aguardando o primeiro dia da semana para irem até o sepulcro.

No raiar do primeiro dia da semana. Isto é, logo após o Shabath, elas foram até o sepulcro e o encontraram vazio. A partir deste ponto  os registro dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são praticamente os mesmos.

Outro ponto importante a ser observado, é que a contagem do dia no calendário judaico é diferente do dia no calendário Romano que utilizamos. O dia do calendário judaico inicia-se às 18:00 do calendário Romano.

- Cristo morreu na quarta-feira às 15:00;

- A tumba foi lacrada antes do início do primeiro dia dos Pães Ázimos na quinta feira. Isto é, antes das 18:00, pois quinta feira era Shabath. Com fechamento da tumba e o início da quinta feira ou 5º dia começaram a contagem dos 3 dias e 3 noites profetizados em Mat 12:40.

- Cristo ressuscitou 72 horas depois da tumba ter sido lacrada, logo após o Sábado (Shabat) ter acabado, no surgir do primeiro dia da semana.

A partir do exposto, torna-se necessário analisarmos o calendário judaico e as festas de Pessach e dos Pães Ázimos para verificar se o período da morte de Jesus com aproximadamente 33 anos e meio bate com os dias propostos acima.

Para que isto seja possível, é necessário compararmos o calendário judaico com o calendário Cristão, sabendo que existe um erro em torno de 4 a menos no calendário cristão.

Os romanos começavam a contagem dos anos a partir da fundação de Roma, em 753 a.C. (era romana). Este sistema foi usado também por povos conquistados pelos romanos por muito tempo, embora existissem outros como a era Nabonassar ou a era César. No século VI d.C., um monge grego chamado Dionísio propôs que se iniciasse a partir do nascimento de Cristo. Para tanto, ele fez cálculos para saber em que ano Cristo teria nascido, o que era uma tarefa muito difícil. Ao final, sugeriu que se começasse a era cristã a partir do ano 754 da fundação de Roma. Passados 1.200 anos de Dionísio, os cronometristas descobriram que ele havia cometido um erro de quatro anos para menos, mas o sistema não foi alterado. Cristo nasceu provavelmente no ano 4 a.C. da era cristã. Foi crucificado com aproximadamente 33 anos e meio, aproximadamente entre os anos 29 e 30 do calendário cristão e entre os anos 3.789 e 3.790 do calendário judaico.

A variação da data da crucificação de Jesus Cristo deve ser considerada entre os anos 29 e 30 do calendário cristão ou entre os anos 3.789 e 3.790 do calendário judaico, pois não sabemos exatamente a data do nascimento de Jesus.

A seguir temos uma apresentação dos dois calendários; judaico e cristão, entre os anos 25 e 36 do calendário cristão e 3.785 e 3.796 do calendário judaico. Se observarmos, notaremos que a Páscoa ocorreu na Sexta Feira nos anos 26, 33 e 36 neste período. Como temos um erro no calendário cristão de 4 a 7 anos, e a tradição diz que Jesus foi crucificado aos 33 ½ anos, a crucificação ocorreu entre os anos 27 e 30 do calendário cristão. Neste período não temos nenhuma data de páscoa na Sexta feira, mas temos os anos 27 e 30 com a Páscoa celebrada na Quarta Feira.

Pela análise dos calendários judaico e cristão, e com base no documento do Rabino Marcelo Miranda sobre o nascimento de Jesus, e do documento sobre a origem do calendário cristão de Fernando A. P. Vieira,  podemos considerar que o ano mais provável da crucificação de Jesus foi o ano 30 do calendário cristão, equivalente ao ano 3.790 do calendário judaico. Coerente com as informações históricas dos registros bíblicos que analisamos.

Uma coisa importante a se falar é que não existe na Bíblia nenhuma referência ao termo Páscoa Cristã.

A páscoa é uma celebração judaica seguida de uma outra festa denominada festa dos pães ázimos com um total de 9 dias. Estas duas festas iniciam com a Páscoa no 14º dia e termina no dia no 22º dia do mês de Nissan após a celebração de 8 dias de festa dos pães ázimos

A páscoa celebrada atualmente pelos cristãos foi adaptada pelo catolicismo romano e tem origem pagã e não possui nenhum vínculo com a páscoa judaica.

A celebração é em uma data fixa, sempre iniciando em uma sexta feira, dita como o dia da crucificação de Jesus Cristo,  finalizando no domingo da ressurreição.

O início da celebração da páscoa católica é regida pelo período da QUARESMA, que começa 40 dias antes do domingo da ressurreição de Jesus Cristo, na quarta feira de cinzas, que marca o fim das festividades do carnaval.